CANTINFLAS provocou montes de gargalhadas com DEPUTADO. Cordilheiras de gargalhadas com BOMBEIRO e agora provocará Himalaias de gargalhadas com FOTOGRAFO
Por vezes, a constelação de estrelas reunida soava a
excesso, mas que se havia de fazer?: "Realmente, QUATRO dos melhores
artistas de Hollywood [Errol Flynn, Olivia de Havilland, Rosalind Russel
e Patrick Knowles] SÃO DEMAIS para um filme só, mas o realizador
quis reunir os quatro para poder apresentar em público tão
grandiosa super-comédia" ("QUATRO SÃO DEMAIS",
exibido na Lousã a 10 de Abril de 1943).
Para a realização de "NOSSA SENHORA DE PARIS", "um filme que orgulha a indústria cinematográfica e digno da obra de Victor Hugo", construíra-se uma grande cidade, e o cartaz fazia referência ao feito. "A COROA DE FERRO", pela Lousã em Julho de 1945, era "o mais gigantesco espectáculo Histórico que o cinema criou até hoje!". A "obra-prima" de Messandro Blasetti, "o mais empolgante dos filmes feitos até agora" havia custado "25.000 contos" e obrigado a dois intensos "anos de trabalho". Figuras em cena havia para dar e vender: 40.000. Um só actor podia valer muito, não apenas pelos dotes de intérprete, também pela diversidade de vestuário utilizado. Em "NÃO ME FALES DE AMÔR", que passou na Lousã por Junho de 1946, Claudette Colbert exibia "17 lindissímos toilettes". As gargalhadas também se quantificavam, metaforizadas em toneladas de terra: "CANTINFLAS provocou montes de gargalhadas com DEPUTADO. Cordilheiras de gargalhadas com BOMBEIRO e agora provocará Himalaias de gargalhadas com FOTOGRAFO". Lá de fora vinham filmes que custavam milhões? Pois nós por cá também desatávamos a bolsa, vão chamar pelintras a outros: "BOCAGE é, de todos os filmes portugueses, o mais caro: 3.000 contos gastos nas mais completas e ricas reconstituições históricas". Ora filme de tanto conto asfixiava no ínfimo torrão luso, que espraiasse fama mundo fora: "Numa palavra BOCAGE é o único filme portuguez com categoria para ser exibido no estrangeiro". (para saber mais...) Melhor adjectivação que a dispensa de adjectivos não há: os publicitários do nimas haviam descoberto que verbo e substantivo juntos, se o verbo fosse "dispensar" e o substantivo "adjetivo", era casa cheia pela certa. Lembram-se d' "O OIRO"? "Tempos Modernos" seguia-lhe as pisadas: "O filme que dispensa adjectivos". Ora, já vimos que tal dispensa obriga a que se não dispensem os milhões, uma dispensa cara, está bem de ver: "O filme mais cáro e mais discutido que até hoje foi exibido em Portugal". Tão caro que obrigaria, sem pasmo das bolsas, a aumento no preço dos bilhetes. Mas a"Lusa-Filmes Lda." encheu-se de coragem e aumentas o tanas! "IMPORTANTE: Lusa Filmes, Lda. de Lisboa ao exibir nesta localidade sem aumento de preços o celebre filme "Tempos Modernos" de CHARLOT, a última produção do maior actor de cinema, sabe de antemão que não poderá defender o enorme preço de semelhante fita, que acaba de ser apresentada em rigoroso exclusivo pelos dois maiores cinemas do País: S. LUÍS CINE DE LISBOA E S. JOÃO DO PORTO. Apresentação da Lusa Filmes, Lda. é apenas ter a honra de vos apresentar em primeira mão a fita de cinema mais cara que até ao presente entrou em Portugal". (para saber mais...) A honra de uma primeira mão paga-se caro, com filantropia publicitada mais honrada fica a exibidora. Dispensa de adjectivos nuns casos, impotência das palavras para descreverem tamanho êxito, noutros: "O FURACÃO -- Um êxito que se não traduz com palavras -- uma victoria que se não descreve com adjectivos -- A maior rajada de genio que até hoje atravessou uma tela cinematográfica" -- foram as "palavras" seleccionadas para "vender" este filme que passou na Lousã em Outubro de 1939. Muitos adjectivos por linha quadrada? Quantos querem? "Tempos Modernos" era "simples", "terrível", "gracioso", "patético", "burlesco", "melancólico", "profundo", "vulgar", "apaixonado", "enorme", a dez por linha. Em Abril de 1938 passava na Lousã "OS MISERÁVEIS". Para além dos encómios habituais, o filme era grande, muito grande em metragem, "8000 METROS DE FILME" que obrigavam a exibição repartida: no dia 24, um domingo, passou a "1ª Jornada"; no dia seguinte foram exibidas as 2ª e 3ª "Jornadas". "A ESQUADRILHA MISTERIOSA", que aterrou na Lousã em Dezembro de 1939, "o mais belo filme de aventuras até hoje saído dos estúdios americanos", tinha "25 partes em 12 episódios", todos com direito a menção no cartaz: "1º -- O Ás de Espadas; 2º -- O Aviso Fatal; 3º -- O Ás de Espadas Ataca!; 4º -- Homens de Aço; 5º -- Nas Garras da Morte; 6º -- Condenado; 7º -- Sinais Inimigos; 8º -- O Desfiladeiro Trágico; 9º -- O Segrêdo da Mina; 10º -- Azas Cortadas; 11º -- As Chamas Infernais; 12º -- O Ás dos Ases". O detalhe a dilucidar a menção anterior, que considerava "A ESQUADRILHA MISTERIOSA" "o filme dos 4 Azes". Os milhões de dólares gastos na produção de um filme serviam de chamariz; se tal não bastasse acrescentava-se outra medida grande: o tempo de rodagem: "O FILHO DA SELVA", pela Lousã no Verão de 1944, havia custado "2 milhões de dollares" e "levou 2 anos a realizar". Por vezes, a grandiosidade media-se pela "coligação" de forças necessária à produção de um filme: [LUCRÉCIA BORGIA] Um espectáculo deslumbrante que só a coligação de 4 grandes produtores mundiais pôde tornar realidade". |