Ampliação

Precisamente atingindo a fase mais significativa da sua carreira... precisamente pronta para entusiasmar com a mais plena magnitude do seu sem procedente atractivo, o coração de todo o público português!

Se a ponte se não podia fazer pelo filme, encontrava-se elo de ligação na aura do actor. "TRAGÉDIA IMPERIAL" trazia n'"o principal papel "o inesquecível intérprete de Miseráveis: Harry Baur"; Olivia de Havilland entrava em "ADVERSIDADE", a publicidade lembrava "a insinuante intérprete de A CARGA DA BRIGADA LIGEIRA"; no filme "O ÚLTIMO PARAÍSO" os três actores principais vinham todos com curriculum: "Com os consagrados artistas KARLHEINZ BOHM (o galã das 'Sissis'), MAEA FLOHR ( a insinuante mestiça de 'Taithi -- Alegria de Viver') e WALTER GILLER (o cómico de 'A 13ª cadeira')".

Os actores, na carreira publicitária, superavam-se em cada novo filme em que entravam. A 1 de Abril de 1941, o folheto que divulgava "100 HOMENS E UMA RAPARIGA" apresentava Deanna Durbin "a inesquecível vedeta de TRÊS RAPARIGAS MODERNAS". "100 HOMENS E UMA RAPARIGA", garantia o cartaz, haveria de ficar na memória do público "pela sua linda música, pelo seu argumento, pela sua MAGISTRAL INTERPRETAÇÃO". A 1 de Julho, três meses certinhos volvidos, novo filme de Deanna Durbin na Lousã. E se a película anterior não tivesse efectivamente ficado na memória do público? Interessava rebobinar outra vez o curriculum da "princesa do cinema": "Deana Durbin, a inolvidável artista de 3 RAPARIGAS MODERNAS e 100 HOMENS E UMA RAPARIGA, na sua melhor e mais dinâmica criação -- DOIDA POR MÚSICA".

Deanna, já com o "n" recuperado, voltava à Lousã logo no mês seguinte, em Agosto. Tornava-se enfadonho repisar o curriculum da senhora, vai daí apresentava-se a novidade: (...) a vedeta preferida Deanna Durbin que neste filme ama pela primeira vez". Em Fevereiro de 1945, Deanna voltava com "DESFILE DA PRIMAVERA", tinha crescido: "A garota que V. Exas. conheceram... é agora uma jovem apaixonada... travêssa, bailarina, cantora... precisamente atingindo a fase mais significativa da sua carreira... precisamente pronta para entusiasmar com a mais plena magnitude do seu sem procedente atractivo, o coração de todo o público português!" (para saber mais)

A carreira de um actor, lembrada também quando se superavam momentos maus. Em 1941, o cartaz de "A FORTALEZA DO SILÊNCIO" anunciava para breve a passagem de "SONHO DE GRANDEZA", e com uma curiosa menção à "reabilitação de Fernandel". O filme passaria na Lousã a 17 de Junho, repetia-se no cartaz a menção anterior, mas com detalhe: "De todos os filmes de Fernandel foi êste o que mais tempo esteve no cartaz quando da sua estreia em Lisboa, o que prova ter Fernandel recuperado o prestigio que conseguiu com Barnabé". Destaque também para o passado glorioso de alguns realizadores. No cartaz de "A SEVERA" assinalava-se a realização de Leitão de Barros, "o artista que fês Bocage, Maria Papoila, Pupilas do Sr. Reitor, e que fês, ultimamente, Varanda dos Rouxinois".

Uma actriz comparada com outra actriz: "A 3ª DA DIREITA -- Com a cantora bailarina VERA MOLNAR ( a única rival de Marik Rokk)". Esta aparecia uns tempos depois classificada não como a mulher dos sonhos dos espectadores, mas a mulher dos sonhos do redactor dos panfletos, no cartaz que anunciava "A PRINCEZA DAS CZARDAS": "MARIKA ROKK -- A inesquecível mulher dos meus sonhos num espectáculo de maravilha e luxo".

Miguelito Gil, mais conhecido por "Pipo", também despontava na sombra de outro petiz das telas: "O pequeno actor de 6 anos rival de Pablito Calvo (Marcelino)". "O ETERNO MASCULINO" revelava actor mais espigadote, revelação no tanque da rivalidade também: "Revela um novo ídolo [Tony Wright] desportivo e zaragateiro que rivaliza com Eddie Constantine". "CAVALHEIRO VAGABUNDO" era protagonizado por "um Cantinflas diferente com momentos que lembram CHARLOT!"

E até um fait-divers servia para chamar mais gente ao cinema. Ver Susan Hayward? Não conheço. Ah, a actriz que viajava no avião que caiu ao Tejo? Quero vê-la, sim senhor, coitadinha, aquilo é que ela teve sorte..." QUANDO O CORAÇÃO CANTA -- O cinema iluminou-se com este filme assombroso -- Com Susan Hayward e Roy Calhaum -- A sua passagem por Lisboa foi assinalada por um trágico incidente. O avião em que viajava caiu ao Tejo e a artista a custo foi salva da morte" -- informava o cartaz que publicitava o filme para 13 de Junho de 1954.


FIM DO CAPÍTULO