Pelos jornais

"A GRANDE OFENSIVA", exibida a 6 de Julho de 1938, anunciava-se "o maior dos dramas de amor a par do mais formidavel dos cataclismos", "o mais impressionante e vibrante dos filmes de guerra", "o filme feito expressamente para a hora tremenda que o Mundo atravessa", "a fita que só uma palavra define: ASSOMBRO", "um grito contra a guerra e uma lição de heroísmo".

Se cotejarmos o contentor de encómios do folheto com a notícia publicada quatro dias antes no "Povo da Louzã", verificamos maior comedimento por parte do jornalista: "É já no próximo dia 6 de Julho que a Lusa Filmes de Lisboa, faz passar, no ecran do nosso Teatro, o formidavel super-filme 'A grande ofensiva' em que os principais papéis são desempenhados por verdadeiros ases da tela como Warner Baxter, que vimos ultimamente no 'Prisioneiro da Ilha dos Tubarões', Frederich March, Lionel Barrymore e em que o único papel feminino foi entregue á graciosa estrela June Lung. Este filme, consagrado por toda a imprensa mundial, vem-nos lembrar os dias angustiosos da guerra, num realismo surpreendente".

Maior comedimento, mas mesmo assim houve espaço para apelidar a película de "formidável super-filme". Curiosa ainda a referência a Baxter como um dos "verdadeiros ases da tela". June Lung, que no folheto promocional se considerava "deliciosa" e na crítica junta, d' "O Século", passava a "figura deliciosa de feminilidade", ficou registada no jornal lousanense como "graciosa".

A divulgação dos filmes a exibir na Lousã através de anúncios pagos na imprensa não era muito comum. Em 15 de Março de 1924 encontramos pequeno rectângulo escondido na página 5 do "Alma Nova", pequeno demais para os encómios dirigidos ao filme "Rei da Audácia": "Na sessão de domingo próximo iniciar-se-á no teatro a exibição do sensacional film de aventuras Rei de Audacia que tão brilhante sucesso tem obtido nos cinêmas de Lisboa e Porto. Esta emocionante fita -- verdadeira maravilha d'arte cinematografica, despertará certamente no publico lousanense verdadeiro entusiasmo, dada a sua magnifica encenação e as impressionantes peripecias que a constituem".

Por vezes, o panegírico ao filme parecia moeda de troca da publicidade paga pela "Empresa Cinematografica Lousanense". O "Alma Nova" de 5 de Março de 1925 trazia anúncio robusto ao filme "Atlantida". O anúncio, publicado na página 7, jurava tratar-se do "film mais extraordinário até hoje filmado". Três páginas antes, a redacção do "Alma Nova" jurava a "viva anciedade" com que os cinéfilos lousanenses aguardavam a chegada da película: "No ultimo domingo foi exibida a fita 'Leão de Veneza', tendo sido grande a concorrência. Na proxima sessão será levada a'Atlantida', 'film' extraído do conhecido romance de 'Pierre Benoit', que é aguardado pelo publico desta vila com viva anciedade. Espera-se brevemente ser exibida a 'Morgadinha de Vale Flôr'".

FIM DO CAPÍTULO