O Congo em 1946, com tambores tronitruando a título: " TAMBORES DO CONGO -- Um filme da selva enigmática com todos os seus perigos e encantos! Mulheres, perigosas como leopardos, fazem soar os Tambores de Guerra da selva! TRIBUS EM GUERRA lançam-se umas sobre outras em ferozes e sanguinários combates! (*)

"CONGO" de novo, em 1959 pela Lousã, "o grandioso filme da selva negra, misteriosa!" O estranho morava aqui: "Um grande romance de aventuras estranhas na região mais estranha de África, onde todos tinham pecados, mas a sua lei era a lei da selva"; ou "o mais poderoso drama vivido num canto esquecido na África selvagem". Ainda "refúgio de foragidos e aventureiros"; ainda "a história de COEGOTANGA, a terra onde o crime era o passaporte exigido para entrar e a morte a única saída". Mais? -- "Uma mulher formosa à mercê dos renegados e dos perigos da selva". Quem mandara a "formosa" atravessar o oceano "para arriscar a vida num rio entre homens traiçoeiros piores que feras"? Não anteveria ela que o seu sorriso seria "uma ameaça naquele paraíso de violência e traição"?

África tenebrosa, mergulhada no verde exuberante da selva negra, por onde, também em 1959, deambulou o "CAPITÃO ÁFRICA", esse "destemido pioneiro do bem em luta titânica contra as feras e contra terríveis inimigos ocultos!" A divulgação dos "15 arrepiantes episódios" em "31 emocionantes partes" pinta bem a tela por onde os não-africanos iam encaixilhando as ideias-feitas do continente selvagem e misterioso:

Em 1954, "CHIKWEMBO (SORTILÉGIO AFRICANO)" andava, título oblige, pela África, mas aqui a nossa: "A nossa África, com todo o seu mistério e exotismo, com todo o seu pitoresco e a sua beleza selvagem!", um drama que se jurava violento, "no cenário magestoso do interior africano". Em finais de 1960, passavam pela pantalha do Cine-Teatro os "REBELDES DO QUÉNIA", "África como jamais se viu" para quem vivesse na vã ilusão de já ter visto tudo. Pois o filme tinha "o ataque dos elefantes em fúria", pois o filme tinha "a mais bárbara história da traficância dos escravos", pois também "o sinistro assalto dos implacáveis crocodilos", o que justificava o apodo de "aventura nimbada de grandeza e mistério". Combateram-se ali as tribos do Kilimanjaro "com coragem e heroicidade": "As câmaras filmaram uma história com o mistério e selvajaria dos 'Warush'" -- garantia-se. Em suma, "a epopeia branca em África com as suas horas más ou de glória", filmes coloridos com engodo a branco e preto, e ruivo, melhor ruiva, que a pureza carece sempre de aparecer para contrastar com o negro da sela: "Uma ruiva insinuante que procura o pai e o noivo desaparecidos misteriosamente".

(*) A selva não era apenas cenário de inúmeros filmes; constituía-se mesmo como um género de cinema, note-se a publicidade ao filme "O IDOLO DE TARZAN": "Um filme de amor e aventuras desenrolado no coração da selva. Cenas duma extrema movimentação, tais como: Lutas com feras, dentro e fora d'água. A valentia e a habilidade dum homem postas à prova contra os mais terríveis animais da selva. É, enfim, um filme que renova o género dos filmes da Selva".