S u c e s s o

VOSSO EXCELENTE PROGRAMA GRANDE ALDRABÃO INAUGUROU BRILHANTEMENTE TEMPORADA TRINDADE BATALHA LOTAÇÕES ESGOTADAS E AGRADO ABSOLUTO. PARABÉNS = TRINDADE

Um filme trazia na "montra" mil e um argumentos desencadeadores da compra do bilhete. Ontem como hoje, vendia-se a estória, os actores, os momentos fortes, as actrizes, as reacções que desencadeara, o ritmo, as reacções que desencadearia, os protagonistas de palmo e meio, o sucesso que já trazia e que a Lousã se envergonhasse se não ajudasse a engrossá-lo. O sucesso vendia-se, por exemplo, pelo tempo de exibição noutros locais do país. "A VIDA É UM SONHO..." (1937) havia entusiasmado "as plateias de Lisboa, Porto e Coimbra, durante bastante tempo".

Tempo por medir, ao contrário d' "A GRANDE PARADA", que "foi o maior dos sucessos registados em Portugal", tudo porque havia almejado "seis meses de exibição contínua em Lisboa": "Toda a gente o viu mais que uma vez!..." era palavra de honra do cartaz. "UM JOÃO NINGUÉM" (1943) vinha aureolado como "um novo e esmagador triunfo que bateu todos os records". O "espectáculo gigantesco que esgota lotações" tinha esgotado as mãos aos espectadores também: "9 semanas no Politeama, registou ovações tôdas as noites e enchentes consecutivas -- eis a prova da qualidade insuperável desta super-produção".

"JOSELITO, CORAÇÃO DE OIRO" trazia estatística detalhadíssima: "Um lindíssimo filme que esteve 10 semanas na estreia em Lisboa esgotando diariamente as 3 sessões e no Porto foi estreado na maior sala de espectáculos desta cidade (Coliseu do Porto) esgotando durante as 3 semanas a sua lotação tendo sido visto por cerca de 80 mil espectadores". "PORTO-ARTUR" não falava em casas cheias, mas em muitas casas ao mesmo tempo: "Este filme, duma grandiosidade que não se repetirá, exibiu-se, simultaneamente, em 150 cinemas na Alemanha, dos quais 40 em Berlim". "CAVALEIRO ANDALUZ" (1955) "o maior exito da época", havia estado "11 semanas nos cinemas Odeon e Palácio"; "LADRÃO DE CASACA" (1958) batera "o record de afluência no cinema São Jorge, o cinema de maior capacidade da capital".

A escolha de um determinado filme, por um cinema de Lisboa, para a quadra natalícia, também merecia ênfase, mesmo que na Lousã o filme passasse em Julho, como aconteceu com "VENENO DE COBRA" (1958): "O filme escolhido pelo cinema São Jorge de Lisboa, para a festiva quadra do NATAL". No ano seguinte, o filme de Natal do S. Jorge chegara mais cedo à Lousã. "NO REINO DAS FADAS", que pela primeira vez na história do cinema apresentava "Um cão fotógrafo! Rãs acrobatas! Coelhos que jogam o bilhar! Um porco marceneiro! Uma pata bailarina!", havia estreado "no último Natal no Cinema S. Jorge de Lisboa", passando na Lousã no feriado de 28 de Maio. (*)

Salas de Lisboa evocadas quando convinha, pelo número, quase sempre, mas também por outras características, atente-se no exemplo que respigámos do cartaz de "AMIGOS PARA A VIDA": "O filme que os dois elegantes cinemas lisboetas [S. Luiz e Alvalade] estrearam é daqueles que vai direito ao coração". "MAMBO" tinha esgotado na estreia, em Lisboa, e... "em volta da estreia deste filme desenhou-se um intenso movimento de curiosidade" "O GRANDE ALDRABÃO" evidenciava marketing inovador. O cartaz reproduzia um telegrama enviado pela gerência do Cinema Trindade, do Porto, à distribuidora "A.Rodrigues". Sob a chamada ufana "Já foram escritas as primeiras linhas da temporada!", vinha o texto do telegrama: "VOSSO EXCELENTE PROGRAMA GRANDE ALDRABÃO INAUGUROU BRILHANTEMENTE TEMPORADA TRINDADE BATALHA LOTAÇÕES ESGOTADAS E AGRADO ABSOLUTO. PARABÉNS = TRINDADE".


(*) O filme "O MEU TIO JACINTO", passado na Lousã em Fevereiro de 1957, tivera viagem mais rápida, porque apresentado "logo a seguir à sua estreia no cinema Tivoli de Lisboa".