O azul dos seus olhos revelado como nunca pelo magnífico TECHNICOLOR

O cinema ganhava som e cor, os écrans agigantavam-se, as "aparelhagens" iam debitando mais fidelidade. A mensagem talvez não fosse o meio, talvez fosse um poucochinho. Os avanços da técnica tiveram sempre lugar cativo nos panfletos que anunciavam noites mágicas a viver nos Cine-Teatros da Lousã. Na primeira fila pavoneavam-se os "Agfa-Color", "Vista Vision", "Cinefotocolor", "Technirama", "Ferraniacolor", as cópias novas, o "Eastmancolor", a "cópia nova técnicamente actualizada", o "Warnercolor" mais o "Trucolor"...

Em 1937, os cartazes do Cine-Teatro anunciavam "um film da Paramount exibido pela melhor aparelhagem da LUSA FILMES". A "PORTUGAL FILMES" não lhe ficava atrás: "A PORTUGAL FILMES, proprietária da melhor aparelhagem sonora que percorre o paiz apresenta ao público desta vila, um espectáculo único, cheio de beleza e grandiosidade, que só por seu intermédio poderia ser visto. (O SINAL DA CRUZ)

" Em "OTHELLO", de Serguéi Youtkévitch, louvava-se o poder da técnica: "O poder da técnica sobreleva tudo quanto até agora se filmou sobre Othello. Os movimentos da câmara, a originalidade e grandiosidade dos 'décors' abrem novas perspectivas à imortal tragédia de Shakespeare". "OS MISERÁVEIS", versão de 1960, utilizara "dispendioso processo de filmagem" -- technirama e tecnicolor --, e o folheto detalhava as vantagens do primeiro "palavrão": "O Technirama é o mais recente processo de projecção sobre um grande écran. Foi este o processo empregado nas filmagens de OS MISERÁVEIS. Vantagem : uma imagem nítida em todos os planos, sensação de relevo e cores de belos efeitos". "O FUGITIVO" oferecia "toda a grandiosidade da natureza" através "da beleza do VISTA VISION", e explicava-se: "(...) o atractivo de ter sido rodado pelo novo proceso fotográfico VISTA VISION -- que permite ás imagens adquirirem um magnífico índice de nitidez e de luminosidade".

A cor dava uma ajuda ao realismo, os filmes tornavam-se mais "naturais"... "MALAYA" apresentava Dorothy Lamour "no filme tecnocolorido". O vermelho-chama do "grandioso incêndio em plena selva", mais o vermelho-sangue da "morte do Elefante", ajudavam à "sedução e magia dos cenários tropicais, valorisados pelas mais belas CORES NATURAIS DO CINEMA", naturalmente em capitulares. "ALOMA" vinha pintado com "a mais realista côr natural que o cinema nos tem dado". Dorothy Lamour voltava, neste filme, a deliciar-nos "com a sua voz quente e a viver uma aventura no ambiente magnífico de uma Ilha Semi-Deserta a que o colorido empresta vida e vigôr". O "avançar da lava incandescente e a derrocada" valiam mais porque "valorisados por um colorido como nunca se viu no cinema".