Estará a Inglaterra disposta a satisfazer a ambição do Sultão de Rungay? É o que veremos no ecran
No cartaz de promoção de "OS REVOLTADOS DO CAINE",
alguns pormenores do "entrecho" do filme libertavam-se
através dos personagens: Humphrey Bogart -- o capitão QUEEG
cujas atitudes e insensibilidades levaram à revolta do CAINE. Fred
Mac Murray -- o tenente Keefer foi o cérebro que planeou a revolta
do CAINE e que soube excitar os animos até que todos se sublevaram.
José Ferrer -- o tenente GREENWALD foi o homem que no Tribunal soube
compreender a REVOLTA DO CAINE e demonstrar a sua urgente e inadiavel necessidade.
VAN JOHNSON -- o tenente MARIK que ousou afrontar o temivel capitão
e salvar a CAINE durante a tempestade, chefiando a revolta".
Para além do resumo do argumento, "MORENA CLARA" (1956) reproduzia um diálogo do filme: "ELE (acusa) 'A mim não me faz graça a graça aparente dos ciganos... Estou convencido de que a sua ingenuidade hilariante oculta a diabólica intenção de uns perpétuos inimigos da sociedade!... ELA (defende) Ao sr. advogado não lhe agradam os ciganos?... Para mim, ao contrário, acho-os muito engraçados. Afirma o Sr. acusador que os ciganos vivem em guerra com a sociedade! Eu entendo que a culpa não é deles, mas sim de todos nós! Esta cena de tribunal passa-se em 'MORENA CLARA'", "Uma explosão de graça, Sal e Pimenta!", "surpreendente desafio ao riso!" (*) Técnica bastas vezes utilizada passava pela libertação de alguns pormenores, seguido de reticências que significavam a compra de um bilhete para conhecer o remate da estória: "O Capitão Paul Lartal, da Legião Estrangeira Francesa durante um serviço de patrulha no deserto, é atacado pelas forças do temível Califa Omar Ben. Todos os legionários são mortos e só Paul escapa. Ao despertar, encontra-se junto de Morjana, uma linda rapariga, filha de Si Khalil, governador da lendária cidade de Madora oculta nas montanhas Iraouen, E...". E... que fossem ver "DRAGÕES DO DESERTO", ora pois então! Noutros casos explicava-se tudo -- quem quisesse saber o resto, que comprasse bilhete: "Não há ninguem que não tenha, pelo menos uma vez na vida, batido no ombro de uma pessoa qualquer, supondo estar na presença de um conhecido. Pois êste caso banal aconteceu tantas vezes a Zé Maria herói desta história, bateram-lhe tantas vezes no ombro, confundiram-no tão frequentemente com outras pessoas que acabou por se convencer desta realidade assombrosa 'parecia-se com toda a gente'. Ao principio ainda tentou reagir contra os caprichos do destino que ampliara nêle até ao exagero, o fenomeno humorístico, e em geral limitado das parecenças. Mas depois pouco a pouco resignou-se. Pôs-se a gozar o prazer fácil e episódico de se instalar passivamente na vida dos outros. Que honra para um pobre diabo parecer-se com um grande escultor, um grande bailarino, um grande político. Quem quiser saber o resto não perca esta grande oportunidade". Um bilhete para "O TRÊVO DE 4 FÔLHAS", se faz favor... O cartaz de "UMA NOITE EM VENEZA" (1941) trazia argumento detalhado. Mesmo assim guardado ficara um bocado para o escurinho do cinema: "Queria saber tudo?... pois então não deixe de ver êste filme e assim esclarecerá o restante". Noutro filme, " (...) depois de inúmeras peripécias Lane consegue comunicar com o seu chefe e... veremos o resto no écran..."; noutro: "Estará a Inglaterra disposta a satisfazer a ambição do Sultão de Rungay? É o que veremos no ecran". A publicidade também é de modas, todos o sabemos. Em 1956, a técnica acima descrita surgia em vários cartazes: "Bruno Felkin, gangster de S. Francisco, mata um rival e corre a casa de Connie, para seguir um alibi. Porem a rapariga está ausente e então vê-se obrigado a refugiar-se a bordo de um pequeno barco de pesca que... o resto vê-se no Império Cine-teatro da Lousã, no dia 12 de Janeiro de 1956, às 21 horas". No filme seguinte... "... e... o resto vê-se no dia 15 às 21 horas". Noutro... "... o resto é para se ver neste cinema". Noutro... "e... desculpem! -- o resto vê-se neste cinema no Domingo dia 11". "A CANÇÃO DUMA NOITE", de 1938, desvendava pormenores da trama, mas guardava a parte da "anedota", para não reduzir o interesse da sua "consecução": "A CANÇÃO DUMA NOITE -- Em cujo desenrolar se cantam alguns dos melhores trechos das óperas Rigoleto e Bohème, pertence à linhagem das super-comédias, efervescentes de graça e recheadas de incidentes variados e inesperados. Fantasia, graça, movimento e mocidade são as características dominantes desta obra que, de principio ao fim, é ainda pelo seu enredo, uma rajada de optimismo. A anedota, que não se conta para não reduzir o interesse da sua consecução, é toda ela um lindo romance musical, verdadeiramente delicioso".
(*) "FILHOS DO DIVÓRCIO" também reproduzia curtíssimo diálogo, revelador do dilema que atravessava o filme: "MARIDO -- Devo sacrificar a felicidade do meu lar, ou renunciar às minhas convicções aceitando ideias que não são as minhas? A ESPOSA -- Devo abandonar um marido justo e bom que formou comigo um lar exemplar e digno pelo motivo de ter, ele, ideias distintas das minhas?". |