E tudo isso causado pelos frades!

Capítulo VII            Página 2

-- Ui, o professor rodeou tanto para dizer que antes faziam o que fazemos hoje aqui. Também é o ti Vergílio que nos está a ler esses dialgos, e nós de vez em quando botamos língua de perguntador...

-- Exactamente, Duartinho. É isso mesmo. Mas estava eu a referir-me ao didactismo de tais diálogos, à sua função pedagógica, impregnada, é certo, de uma grande carga ideológica. O autor de tais diálogos pretendeu esclarecer os leitores sobre a Inquisição, ou sobre os montepios, como não se esqueceu de fomentar o amor pelas árvores. Ou até homenageando essa grande figura que foi Alexandre Herculano.

-- Falou do amor pelas árvores, nesse tempo já havia os 'verdes' como hoje? Pensei que isso fosse coisa recente...

-- Não havia 'verdes' institucionalizados, não se falaria ainda em ecologia, mas havia muita gente que gostava das árvores, que defendia a floresta, ganha pão de muitos, ao contrário de hoje. O 'serão' que tratava com mais detalhe do cometa, e que já vos li, começava por tratar das árvores. Depois é que a conversa virou para esse tema da actualidade daquele tempo. Leio-vos só um pedacinho:

'Vou fallar-vos, meus amigos, das árvores, -- essas grandes amigas do homem, que sempre, a toda a hora e a todo o momento lhe estão prestando grandes favores, sem nada exigirem em paga e até sem muitos homens, que como inimigos a maltratam, saberem os importantes e indispensaveis beneficios que ellas lhe prestam.

-- Sim, disse o Manuel Canhoto, alguma arvores dam-nos as suas fructas, que ás vezes rendem bem bom dinheiro e sabem bem!

-- E entam é só dos fructos que ellas dám? continuou o sr. Antonio. E a madeira, para os moveis e para o recheio das nossas casas? a lenha para cosinharmos e nos aquecermos nas regeladas noites de inverno? etc, etc. Nem que nós estivessemos aqui até de manhã, havia tempo para vos contar todas, a uma por uma, a s vantagens das arvores'... (nota 28)


A gravura incluída nesta página (acrílico sobre tela),intitulada 'As árvores merecem toda a nossa estima', é da autoria de NELL, e foi concebida especialmente para ilustração do livro e do saite 'No Fastifud da Bernadete'.

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