No caso de "MARIA PAPOILA", a capa da edição vídeo da "INTERNACIONAL FILMES VÍDEO" oferece um "resumo do argumento", ao contrário do cartaz que publicitava o filme em 1942. Este oferecia o "argumento". Uma leitura atenta permite detectar que o texto velho mais de meio século sobrevive na capa da edição vídeo, sobrevivência por entre várias podadelas. Comparem:

1941 -- "Uma pastora humilde da Beira, fugiu um dia da Serra coberta de neve e veio servir para Lisboa, acaso poz-lhe no caminho um rapaz que a pobre moçoila supoz ser da sua condição visto que na igualdade dos uniformes dos soldados rasos nada dizia que ele não fôsse como ela, pobrezinho e simples. Mas o rapaz era rico e educado e quando saiu da tropa não mais se lembrou da 'sopeirinha' de umas noites. A vida, porém, que às vezes capricha, enredou o rapaz e fe-lo prender como actor de um roubo de monta. Estava perdido. A noiva, rica e egoista, pensou mais em salvar as aparências do que em salvar o noivo. Mas Maria Papoila, 'sopeirinha' que dera por uma vez o seu coração -- embora o seu corpo ficasse puro -- poude salvá-lo. E, embora desprezada pelo homem a quem entregara o seu sonho, não exitou em apresentar-se no tribunal como sua amante, sacrificando-lhe a única coisa que tinha a dar-lhe -- a sua honra. E nada pediu em troca voltando humildemente e só ao casebre da sua aldeia, entretanto o rapaz apareceu e o calor dos seus beijos aqueceu então para sempre a cachopa da Serra coberta de neve..."

1989 -- "Uma pastora beirã, fugiu um dia da sua terra e veio servir para Lisboa. O acaso pôs-lhe no caminho um rapaz que ela julgou da sua condição, por ser soldado raso. Após sair da tropa não mais se lembrou da sopeirinha de umas noites. Os caprichos da vida enredou-o como autor de um roubo e é preso. Estava perdido. A noiva egoísta, só pensou em salvar as aparências. Maria Papoila, embora desprezada, apresentou-se no tribunal como sua amante, sacrificando a honra. Até que um dia..."