Muitos à procura das fotos de Diana agonizante |
Ana Navarro Pedro, em Paris* Público 04/09/1997
EMBORA POUCOS O ADMITAM Muitos à procura das fotos de Diana agonizante Polícia, jornais, revistas e televisões, familiares e coleccionadores de raridades, todos andam à procura das fotos que foram tiradas após o acidente que vitimou a princesa Diana, o seu namorado Dodi e o motorista que os conduzia a quase 200 quilómetros hora. As agências que trabalham com os "paparazzi", desta vez, parece não quererem vender as fotografias. Mas há algumas que já foram vendidas e publicadas. As autoridades francesas andam à procura dos "paparazzi" que conseguiram fugir à polícia quando tiravam fotografias da princesa Diana, ferida, logo a seguir ao desastre fatal no túnel de Alma, em Paris. A informacão judiciária aberta na terça-feira pelo Ministério Público e que redundou já na acusação, de homicídio involuntário e não assistência a feridos, de seis fotógrafos e do piloto de uma das motas que perseguiam a princesa de Gales estipula, com efeito, que o inquérito deve ser alargado a "todos os outros". Muitas fotos continuam à venda no mercado internacional, sendo algumas propostas durante breve minutos na Internet, para "verificacão". Responsáveis das agência fotográficas parisienses afirmam que "a procura é imensa" desde ontem, apesar das promessas públicas da imprensa de "cano de esgoto" de não publicarem as imagens de Diana agonizante. Laurent Solac, director da pequena agência de fotografias L'Express, revelou ontem aos jornalistas que estivera preso durante 24 horas para interrogatório, no início da semana: "Fui interrogado por ter posto à venda fotografias do desastre. O meu fotógrafo não foi preso no túnel e eu pus as fotos à venda durante cinco horas. Mas quando soube que a princesa tinha morrido, terminei a venda e não entreguei o material. Logo nas primeiras horas, os grandes 'media' do mundo inteiro telefonaram às dezenas, a quererem comprar as imagens. A seguir ,disseram que não, que havia engano. Mas não houve engano nenhum. Tanto que a procura recomeçou, muito, muito intensamente. Um jornal norte-americano ofereceu-me hoje 150 mil dólares, um jornal britânico propõe um milhão de libras...". Outros directores de agências dizem também que lhes chegam encomendas do mundo inteiro, mas sobretudo da Alemanha, da Itália, de Espanha e da Grã-Bretanha. Aproveitando a deixa, a polícia francesa teria fintado há dois dias um intermediário de vários fotógrafos. Os inspectores fingiram serem compradores de revistas e marcaram encontro com o vendedor. Ele teria várias fotos onde se viam claramente a princesa Diana e o corpo do seu companheiro, Dodi El-Fayed. A polémica continua também muito acesa, nos bastidores da imprensa, quanto à decisão do jornal popular alemão "Bild" de publicar, logo na segunda-feira, uma foto do carro com as vítimas. O "Bild" afirma que comprou a foto a "uma grande agência parisiense". No entanto, trata-se nitidamente de uma foto de amador. UM CÓDIGO DE CONDUTA? Uma organizacão dos proprietários de semanários alemães propunha ontem que se estabeleça um código de conduta internacional para a cobertura mediática de personalidades públicas - e que ele seja também adoptado pelas televisões, "piores, por vezes, do que os 'paparazzi"'. O comportamento dos "paparazzi" depois do acidente e a sua eventual responsabilidade na morte da princesa de Gales, de Dodi El-Fayed e do motorista continua a alimentar celeumas inextricáveis. Um dos fotógrafos acusados, Romuald Rat (proibido de exercer a sua profissão durante o inquérito) reconhece ter aberto a porta do carro mas, diz ele "para socorrer Diana". Se a polícia o encontrou com o pulso dela na mão, "era para tentar ajudar". "É preciso muito cuidado com a verificação do que dizem os 'paparazzi"', confessava uma pessoa que trabalha numa das agências fotográficas, que pediu o anonimato. "Eles estão habituados a livrarem-se das piores situações. Mas, na minha profissão, também sei que vale a pena ter cuidado com certas interpretações de factos pela polícia francesa". As polémicas sobre o motorista do carro acidentado também atingem um certo grau de confusão. Fontes próximas do inquérito indicam que Henri Paul, segurança do hotel Ritz, onde Lady Di e Dodi jantaram, antes do acidente, estava embriagado e conduzia a uma velocidade excessiva. Certos trabalhadores do Ritz e empregados de café à volta do hotel afiançam que Paul não tinha bebido. Outros motoristas, que trabalham com clientes do Ritz, dizem que Henri Paul estava "completamente bêbado" e o dono de um café próximo assegura que ele "carburava com Chivas Regal todos os dias". A família de Henri Paul pediu uma nova análise de sangue. Por seu lado, o pai de Dodi El-Fayed desmente que o conta-quilómetros do carro tenha ficado bloqueado nos 196 km/h no momento do embate e afirma que a agulha aponta 0 km/h. A Mercedes diz que ambas as hipóteses são possíveis. O testemunho do único sobrevivente do acidente, o guarda-costas de Dodi El-Fayed, Trevor-Rees Jones, será determinante. Mas segundo o diário francês "Le Figaro", ele não poderá ser interrogado antes de longas semanas e provavelmente terá de fazer o seu depoimento por escrito: o jornal afirma que ele ficou com queixo estilhaçado e teve a língua arrancada pelo choque. " |
* Jornal "Público". (Portugal)