A rotina de quem vivia à caça da princesa. |
Robin Pogrebin* New York Times/O Globo
LONDRES. Dois paparazzi que fizeram de sua vida uma interminável perseguição à princesa Diana lembram que ela perdia seu humor e reagia com raiva aos fotógrafos, a quem frequentemente acusava de tornar sua vida um sofrimento. Para Mark Saunders e Glenn Harvey, esses incidentes, que se tornaram cada vez mais comuns nos últimos anos, eram sinais de que Diana era frágil e instável. Mas Harvey e Saunders, que ano passado publicaram o livro "Dicing with Di" (algo como "Jogando com Di"), descrevem sua vida de caça a Diana de tal modo, que é de se imaginar que qualquer outra pessoa ficaria enlouquecida com tamanha pressão. Esta semana, Harvey recordou como ele e seu colega seguiram a princesa incansavelmente durante anos, fotografando-a na academia de ginástica, na rua, de férias, com namorados, filhos, ex-marido e saindo de restaurantes e lojas. Desde a morte de Diana, o trabalho de fotógrafos como Harvey está sendo investigado como nunca antes. Agora, pouca gente admite ser paparazzo e na Grã-Bretanha há apelos para que a privacidade das pessoas seja respeitada. Editores de publicações dizem que a aversão passará quando o furor pela morte de Diana se dissipar. O apetite do público por fotos, insistem, é voraz. - Haverá um mudança temporária nos jornais. A coisa vai ficar calma por pouco tempo e os paparazzi voltarão - afirma Christine Cornick, editora da agência de fotografias Alpha, em Londres. Diante da reação à morte de Diana, o livro de Harvey e Saunders parece um pesadelo premonitório. Quando eles descrevem o comportamento da princesa como cada vez mais desesperado, e às vezes imprudente, para escapar de fotógrafos, é difícil não ter a impressão de que ela e os paparazzi caminhavam para um desastre, mesmo quando a relação beneficiava claramente os dois lados. Saunders e Harvey descrevem como toda sua vida profissional girava em torno da tarefa de fotografar a princesa, dia após dia. Eles usam palavras que lembram a linguagem brutal de um ataque sexual quando se referem à atividade de fotografar Diana. O trabalho de um paparazzo requer sorte, um esconderijo e muita paciência para ficar à espera de que algo aconteça. - Você espera dias e até semanas por uma foto. Às vezes passam-se meses sem que consiga realmente uma boa foto - disse Harvey. O dia começava geralmente em frente ao Palácio de Kensington, onde Diana morava. Quando ela ia para a academia de ginástica, eles penduravam uma escada no prédio para tirar fotos ou fotografavam de um apartamento em frente, pagando US$80 aos ocupantes pelo privilégio. Muitas vezes, peregrinavam por bares, bebendo enquanto esperavam por informação de um de seus muitos espiões. Os melhores informantes eram trabalhadores, como garçons, por exemplo. Harvey carregava seu passaporte o tempo todo e pegava o primeiro avião para qualquer lugar onde Diana fosse. |
*Texto extraído do saite
GLOBO ON (Brasil)