Nota 4.
'Commercio da Louzã' nº 84, de 20 de Julho de 1911, pág.
3.
Nota 5.
'Commercio da Louzã' nº 41, de 26 de Março de 1910.
Nota 6.
'Commercio da Louzã' nº 56, de 30 de Julho de 1910. No número
59, de 6 de Setembro, fazia-se o balanço da ida às urnas,
marcadas por uma desenfreada 'galopinagem':
'Felizmente que já passaram,
disse o João do Oiteiro.
-- Já passaram o que? perguntou
o sr. Antonio.
-- As eleições. Apre!
que a gente via-se e desejava-se com tal ror de pedidos de votos! Era mesmo
uma coisa por demais. Era um de aqui, outro de acolá; uns pela manhã,
outros à sesta, outros á noite. Aí!
-- Pois em Portugal as coisas passam-se
assim. Os galopins eleitoraes, sem vergonha alguma, sem honra, sem brio,
veem de aldeia em aldeia, de casa em casa, a pedir o voto, que tanto vale
dizer
--a consciencia de cada um. E se lho
não prometem logo á primeira, pedem outra vez, rogam, humilham
se, ameaçam, rogam outra vez, promettem empregos a uns, estradas
e pontes a outros; a estes offerecem-se para lhe livrar o filho de soldado,
áquelle offerecem-se para o livrar de algum processo de justiça
e até dinheiro chegam a offerecer sem fazerem ideia de que o voto
é livre, que o voto representa a nossa consciencia, a nossa vontade.
E a nossa consciencia e a nossa vontade não se vendem na praça
publica como uma canastra de sardinhas, ou não se mandam de presente
como um cesto de fruta. Mas infelismente, neste nosso infeliz Portugal,
assim mesmo é que se faz; tudo se vende, tudo se compra, com uma
semcerimonia, com um descaramento que causa nojo áquelles que ainda
tem na sua consciencia um altar erguido á honra e á dignidade.
Quando os galopins veem pedir o voto, com promessas ou com ameaças,
o Povo devia-lhe responder:
-- Para traz, seus pulhas! A minha
consciencia não se vende nem se troca por favores.
-- O sr. Antoninho fala muito bem mas,
lá diz o outro, ha casos que mandam mais que as leis, disse o Joaquim
Coxo.
Ñ Que casos são esses?
Ñ A gente precisa. A uns deve-se um dinheirito, outros teem os seus
filhos para livrar de soldado, outros deram-nos de renda as suas casas
ou as suas fazendas, enfim a gente anda debaixo delles e todos nós
precisamos.
Ñ O que todos nós precisamos
é de saber quaes são os nossos direitos e não saber
sómente quaes são os nossos deveres. Eu vou, por exemplo,
pedir a um de vocemecês uma certa quantia a juros. Pago lhe esses
juros, e no tempo combinado dou lho o capital. Cumpri o ajuste, mais nada
lhe fico a dever. Os ricos teem os seus dinheiros, vivem dos seus rendimentos,
e para isso precisam quem lhes tome o dinheiro a juros. Os agradecidos
devem ser os credores, porque se não tivessem quem lhe tomasse o
dinheiro, não teriam rendimentos e seriam obrigados a lançar
mão doutro modo de vida. Quando se vae a uma loja comprar qualquer
coisa quem é que agradece, é o freguez em o lojista lhe vender
os generos, ou é o lojista em o freguez preferir o seu estabelecimento?
Ñ É o lojista, está claro, responderam muitas vozes.
Ñ Pois o mesmo se dá
com o individuo que empresta o seu dinheiro, com o que arrenda a sua casa
ou a sua fazenda. O que elles precisam é de freguezes; é
dos freguezes que vivem. Desde que se paguem os juros e o capital, desde
que se paguem as rendas, fica-se quite e nenhuma obrigação
se fica a dever. E mesmo favores pagam-se com favores e nunca com a consciencia
ou com a honra de cada um. Devemos ter em tal conta o direito de votar
livremente, como a honra da nossa familia e das nossas acções.
Ñ Isso é verdade, disseram os assistentes, mas nós
vivemos muito iludidos e elles servem se da nossa ignorancia (...)'
Nota 7.
'Commercio da Louzã' nº 56, de 30 de Julho de 1910, pág.
2.
Nota 8.
'Commercio da Louzã' nº 59, de 6 de Setembro de 1910, pág.
2
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