Lá isso de ditador, o meu amigo não sabia bem o que era

Capítulo VIII            Página 6

P.-- É mesmo assim. Vejo que as conversas dos domingos que o Senhor Governador Civil tem feito para todos nós, deram óptimos resultados.

A.-- Eu estou sempre com atenção, e quando não entendo peço logo que me expliquem. Ainda o outro dia fiquei cheio de contentamento quando ouvi dizer que o Nacionalismo português trabalhava muito para fazer de Portugal uma Nação cada vez mais forte, cada vez mais instruída, cada vez mais civilizada, cada vez mais progressiva. E assim os portugueses de hoje hão-de ser tão bons como o foram os nossos antepassados do tempo das descobertas da África e do Brasil.

P.-- Exactamente. Mas para isso é necessário que todos nós nos esforcemos e trabalhemos muito; que tenhamos coragem para nos opormos a tudo quanto seja mau, e, com os nossos bons exemplos, façamos emendar os que estiverem mal encaminhados.

A.-- Por falar em África, queria perguntar-lhe uma coisa: Se um dia nos roubassem a África como tentam fazer à nossa Índia, nós poderíamos continuar a viver?

P.-- Gostaria de falar contigo nessas coisas da África noutra altura, porque agora estou com pressa. Mas sempre te direi que não é possível tirarem-nos a África. A África faz parte do corpo da Pátria. E o corpo da Pátria pode-se comparar ao corpo humano que se divide, como sabes, em cabeça, tronco e membros; pois a África é, numa comparação, o tronco do corpo da Pátria. Como se podia entender um corpo vivo sem tronco, que tem o coração lá dentro ?

A.-- Compreendo Senhor Professor; a nossa Pátria é um todo, e por isso a guerra de África será de vencer ou morrer. Há-de explicar-me mais coisas sobre África noutra altura. Agora precisava que me dissesse algumas coisas mais, embora poucas, para entender melhor o que é o Nacionalismo português. Qual é o primeiro dever dum bom nacionalista?

P.-- Contribuir, com todas as suas forças, dando a sua vida se necessário for, para a existência independente da Nação Portuguesa, que, como sabes, não é só este bocadinho de Europa, mas estende-se para além dos mares.

A.-- Salazar é muito poupado, porque sendo o nosso País pobre consegue que Portugal se apresente de cabeça levantada em toda a parte, e cumpra sempre e a tempo os seus compromissos.

P.-- Sim. Salazar usa uma política de administração tão clara e tão simples como a que pode fazer uma boa dona de casa: gasta bem o que tem e não gasta mais do que o que tem.

A.-- Salazar é um grande Chefe, sempre justo, dando a cada um aquilo a que tem direito.

P.-- É certo; mas Salazar ensina-nos que a par dos nossos direitos, temos deveres a cumprir; não só cada um de nós, mas os grupos de pessoas que habitam as povoações, os concelhos, os distritos, as províncias de áquem e de além mar; todos se devem unir num só bloco que cimente o conjunto nacional. Devemos estar sempre juntos nas alegrias e nos sofrimentos.

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