Lá isso de ditador, o meu amigo não sabia bem o que era

Capítulo VIII            Página 4

A.-- Ouvi dizer que o nacionalismo é amigo da família; que me diz Senhor Professor?

P.-- Sem dúvida, ele é como que a garantia e ao mesmo tempo a linha de união de todos os elementos naturais, tradicionais e progressivos da sociedade portuguesa; entre estes está a família em primeiro lugar, e depois a corporação, a freguesia e o município.

A.-- O Nacionalismo, portanto, respeita os tempos passados?

P.-- Com certeza. Ele busca a origem dos nossos ensinamentos na História de Portugal; respeita o passado, e do presente aceita tudo quanto seja bom para o progresso dos homens.

A.-- Por falar em progresso: Portugal é um país rico?

P.-- Não, Portugal não é um país que tenha muitas riquezas naturais. Por isso os portugueses têm de trabalhar e trabalhar muito para remediar esta falta.

A.-- Mas apesar de Portugal não ser um país rico, o nosso dinheiro vale muito; eu sei que as pessoas que recebem dinheiro de fora precisam de receber muito para cá dar coisa que se veja.

P.-- Assim é, meu amigo. A nossa Pátria dá um exemplo aos outros países, muito mais ricos, no equilíbrio das contas, no valor firme da moeda e na boa ordem da nossa economia.

A.-- É assim porque Portugal é bem governado, e tem autoridade para garantir sossego e paz em toda a parte; não é verdade ?

P.-- É certo, mas nem por isso a actividade do Estado vai contra os princípios da moral e do direito; o Estado deseja ter autoridade, mas sem prejuízo pelo respeito devido à liberdade dos cidadãos.

A.-- O nosso Governo sabe bem o que faz, pois tem um bom Chefe. Eu entendo que um Pai tem de ter autoridade na sua família para tudo correr bem; muito mais o Governo duma Nação. No nosso distrito quem representa o Governo ?

P.-- É o Senhor Governador Civil. O território português do continente divide-se em concelhos que, por sua vez, têm as suas freguesias; além disso os concelhos agrupam-se em distritos, e os Senhores Governadores Civis são os Chefes dos distritos e os representantes, nesses distritos, do Governo de Lisboa. No nosso distrito há 17 concelhos e 199 freguesias.

A.-- Nós temos feito muitas obras na nossa freguesia e dizem que o Estado dá para lá dinheiro. Como é isso?

P.-- O Estado Novo prometeu ajudar a fazer nos concelhos e nas freguesias, as obras que lhes faltassem; e em 1926 faltava quase tudo: não havia água canalizada, nem esgotos, nem electricidade, nem ruas em condições, nem as estradas necessárias. Os meios rurais precisavam de tudo. Por isso o Estado organizou Serviços para que tratassem dessas obras que faltavam.

A.-- Eu bem sei; têm ido lá, à nossa terra, uns senhores Engenheiros dos Melhoramentos Rurais, outros da Hidráulica, e ainda outros das Electricidades, e esses Senhores vêm ver se as obras que se estão a fazer estão boas ou não.

P.-- Isso mesmo. Essas obras que os Engenheiros vêm ver são comparticipadas pelo Estado; isto é, o Estado dá à Câmara uma certa importância para ajudar a fazer cada uma das obras; essa importância é que se chama a comparticipação do Estado.

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