O ÚLTIMO FLASH |
C.S.
O Litoral
04/09/97
Nasceste num berço de ouro, como soe dizer-se, e morreste num monte de latas. Tiveste o mundo a teus pés, mas nunca sentiste, de facto, segurança no terreno que pisavas. Já que o amor te era arredio, amaste o mundo à tua maneira. Deste-nos sorrisos e distinção -- foste competente -- e sobretudo, muito dinheiro a ganhar a tanta gente. Entraste na engrenagem do sucesso que vampiriza e destrói. Quiseste ser uma flor de nenúfar num lago pantanoso e foste engolida torpemente e sem retorno, pelos maus. Ficou essa imagem suave de conto-de-fadas, de Disneylândia atravessada por campos de mutilados, desiludidos, vilipendiados. Inútil, talvez, todo esse esforço, quem sabe, mas o teu fim servirá, pelo menos, para alertar consciências de limites que urge perservar. Ser princesa, às vezes, dói, no Império dos Mass-Media. Nas Histórias não era assim: as que eu li tinham sempre um príncipe lindíssimo, salvador in-extremis e um inevitável Happy Ending. |