Fotografia e Texto na Imprensa:

Relações Fortes

A fotografia de imprensa não pode dissociar-se do texto que a emoldura. Entre texto e foto jogam-se relações fortes, com a foto a conferir estatuto de verdade ao texto, testemunhando a narração jornalística; com a foto a proporcionar o espectáculo compensador do correr monocórdico da prosa; com a foto reforçando, por redundância, o que se escreve.

Mas do texto em direcção à foto o circuito também funciona: o texto da legenda pode reenviar a foto para outros lugares, para outros sentidos; o texto da legenda ou da notícia desenvolvida pode guiar o sentido que se pretende dar à foto, reduzindo o seu carácter polissémico.

É certo que a fotografia de imprensa tem muita força, força até para ajudar a acabar com uma guerra, força para catapultar uma obscura personagem aos píncaros da fama, ou para a mergulhar no lodo.

Nessa relação foto/texto, importa sinalizar sempre a importância da selecção da imagem que decidimos paginar. Importa aqui sinalizar que essa selecção e montagem percorre os seus caminhos lado a lado com a subjectividade do jornalista e do repórter fotográfico.

A fotografia de imprensa tem, desde logo, uma particularidade que a distingue das outras fotos - a sua moldura é o texto. Mesmo que a fotografia valha por mil palavras, é preciso que as palavras lá estejam, na página do jornal.

Esta foto vale desde logo, e concordarão comigo, pelas palavras "concórdia", "felicidade", "o voltar à vida", tudo de bom que o fim de uma guerra traz. São flores, oferecidas por crianças aos soldados, sob um título confirmativo: o final da guerra e o pós-guerra. É o tempo do perdão, porque o pós-guerra é sempre melhor que a guerra. É a foto a valer por muitas palavras.

[II Episódio]