A Exposição
do Trabalho, do Remanso, da Folia
Coimbra
tem o cliché torre, e mais clichés, dá postais bonitos. E
tem gente que é notícia, com foto dentro, e gente que nunca é notícia, nunca
é foto. E
merece sê-lo. Gente que merece um diafragma de goelas escancaradas cantando a
sina do dia igual aos outros dias, gente que se assusta com o martelar do
obturador e receia a alma congelada em película. Gente
que vai a cantoneiro, que solda, amassa pão. Que passeia os cabelos brancos de
uma vida sem almofada. Que agita cartolas e muitas fitas, bebedeira multicor,
arco-íris de cerveja e nostalgia. Nas
salas da Casa Municipal da Cultura, "Dias de Coimbra" — exposição
de fotografias de António Costa Pinto e Dinis Manuel Alves —, começa fazendo
músculo com instantes do trabalho hercúleo, o músculo desincha com o trabalho
delas, depois vem a hora da sesta a contrastar, e fecha inebriada com a festa. Do Trabalho, Do Remanso, Da Folia, as três secções que abrem os primeiros "Dias de Coimbra", escada rolante ao canto levando-nos até à Sala da Cidade para mais três gomos de película em papel parida.
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da
Dor ... e do Amor ... em Coimbra
A Dor
da gente pressente-se no olhar bonito de um rosto chamado nostalgia; na esmola mínima
garantida pelo braço esticado horas a fio. E depois há o Amor
que se esparrama em vestido prateado na relva do parque, e mil amores mais, ou
se calhar ternura. E há o amor pela Coimbra
cidade branca, de luz inebriante vestida, vestido de névoa no altar que desagua
na torre. Há um rio que teima em dar ares de basófias, e candeeiros, e páteos
com vasos, e vasos com plantas, e plásticos dançando ao som do vento no tecto
da baixinha. Na Sala da Cidade fecham-se os
primeiros "Dias de Coimbra".
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