do Amor

mata-me o olhar, o pensamento,

mata-me por dentro, arranca de mim o respirar

de todos os azuis e o tempo anterior em que eu não

                                                                    soube

                                                             Dinis Manuel Alves

 

FOTOGRAFIA

Aqueles grupos a rir! Aquelas posições

de carne fresca, aquele espaço todo

para ser. Aquela mão poisada sobre o ombro,

a sombra nas pestanas. Tudo aquilo

preso para sempre. Pelo crime de ter sido.

                                               in “Todas as Cores do Azul”

 

Afectos. Paixão, ciúme, amizade, amor materno, cumplicidade, laços que acontecem ou que se perdem no tempo. Por isso, a fotografia da emoção humana é um ponto irrepetível, fixado no tempo.

Somos Homo Sapiens? Talvez, mas sobretudo uma espécie onde os afectos atingem uma infinita complexidade: sobrepõem-se, contradizem-se, tingem-nos a vida de cor. Os namorados olham-se, e esse olhar torna-os tão próximos que ficam infinitos - mas só naquele instante. A avó brinca com o neto e torna-se ela própria em alegria. E o velho casal há trinta anos, que melancolias transporta, paralelas?

A fotografia dos afectos humanos é sempre um acontecido, um tempo passado. Mas esta proximidade que aqui vemos, o toque do corpo, o riso, a ternura, tudo isto nos cativa agora, no presente...

Poderosas,   estas   imagens?   Sim.   Trazem   consigo, todas elas, constantemente, o futuro.

 

                                                 Isabel Cristina Pires

                                                                                                 Coimbra, Dezembro de 2000

As fotografias desta secção são acompanhadas de excertos de poemas de Isabel Cristina Pires, retirados dos seus livros,

publicados na Editorial Caminho, col. Poesia:

À RODA DO OLHAR – 1995; À PORTA DE NÁRNIA – 1997; OBRA DE PAPEL – 1999;  TODAS AS CORES DO AZUL – no prelo

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